sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Infraestrutura e Copa

O país tem prioridades e não dá para perder tempo jogando bola.  Muitos defendem que isso nos ajudará de alguma forma. Não vai não.  Olhando pelo lado da infra (a mais básica), falta de tudo nesse país pobre-rico.  Que tal pensar sobre o direito a ter os dejetos sendo tratados.  Será que é menos importante do que jogar bola? Acredito que sim.  Abaixo está um texto retirado do site tratabrasil.org    Para pensar.  Leia e avalie. 

Pesquisa denuncia falta de saneamento nas cidades da Copa - Copa 2014 / Online

Só metade do país tem rede de esgotos, alerta Instituto Trata Brasil

Proliferação de algas nos rios: sinal de esgotos sem tratamento (crédito: Wladimir de Souza)
Divulgada hoje, uma pesquisa desenvolvida pela FGV e contratada pelo Instituto Trata Brasil constatou que, entre as doze cidades-sede da Copa de 2014, Natal, Manaus e Cuiabá são as que têm maiores deficiências em saneamento básico. Na capital potiguar, que ocupa a última posição do ranking, cerca de 80% das residências não é atendida pela rede geral de esgoto. Nas capitais do Amazonas e Mato Grosso, a carência de atendimento atinge 34,98% e 41,21% das moradias, respectivamente.
O outro extremo da lista mostra uma realidade bastante diferente. As regiões metropolitanas de Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba apresentam índices de atendimento superiores a 80% das residências. Na capital mineira, que aparece na primeira posição do ranking, praticamente a totalidade da população metropolitana têm acesso à coleta de esgoto.
A pesquisa também mostra o contraste entre as capitais metropolitanas e suas periferias. Mesmo em Belo Horizonte, um quarto da população que vive ao redor das áreas centrais convive com a situação de esgoto a céu aberto. O quadro é mais dramático nas periferias de Porto Alegre, Fortaleza e Pernambuco, onde menos de dois terços da população têm acesso à coleta de esgoto (confira a tabela).
50% dos domicílios têm "esgoto a céu aberto"
O presidente do Trata Brasil, Raul Pinho, reconhece que houve ampliação da rede de esgotos nos últimos cinco anos, mas afirma que o problema está longe de ser equacionado. Segundo dados da pesquisa, apenas 49,4% da população brasileira é servida pela rede de coleta. Ou seja, praticamente metade do Brasil convive com a situação de "esgoto a céu aberto".
Para Pinho, o país deve encarar a Copa do Mundo de 2014 como uma oportunidade de universalizar o saneamento básico no país. "A Copa é um marco por sua capacidade de atrair investimentos e de chamar a atenção de todo o planeta. Exatamente por isso os governos têm obrigação de priorizar o serviço".
A lei do Saneamento Básico, promulgada em 2007, prevê o investimento de 200 bilhões de reais em 20 anos para universalizar a coleta e o tratamento de esgoto no país. "Como a Copa acontece daqui a cinco anos, a sugestão é que os governos federal e estaduais antecipem metas e disponibilizem os recursos necessários. Na outra ponta, as prefeituras precisam aplicar a verba em saneamento e a sociedade deve se mobilizar e exigir que esta aplicação dos recursos seja concretizada", observa Pinho.
Impactos sociais
Segundo o coordenador da pesquisa pela FGV, Marcelo Côrtes Neri, "comparado com serviços como luz e água, cujos índices de atendimento são bastante altos, o esgoto é sempre o último a chegar às residências brasileiras". As consequências do descaso são inúmeras, como constatou a pesquisa por meio do cruzamento dos dados do saneamento com itens como problemas de saúde, educação e impacto na renda da população.
No caso da mortalidade infantil, os efeitos da falta de saneamento são visíveis. O índice de óbitos de crianças de 0 a 6 anos sem atendimento adequado dos serviços de saneamento é 22% maior que entre crianças com acesso à rede. Outro dado que afeta diretamente o desenvolvimento das crianças é que apenas 39% das escolas do país são conectadas à rede de coleta.
A falta de saneamento básico também provoca impactos negativos na renda do trabalhador. O estudo observou que 12% das faltas ao trabalho relacionam-se à carência de serviços básicos, como acesso à coleta de esgoto e água tratada.
Acesso à rede de esgoto
(%)

Belo Horizonte (MG)
97,05

São Paulo (SP)
88,52

Salvador (BA)
87,77

Rio de Janeiro (RJ)
83,73

Brasília (DF)
80,17

Curitiba (PR)
79,37

Periferia (Belo Horizonte)
75,70

Periferia (São Paulo)
71,50

Periferia (Salvador)
58,92

Periferia (Rio de Janeiro)
55,56

Fortaleza (CE)
54,62

Porto Alegre (RS)
49,29

Recife (PE)
47,12

Periferia (Curitiba)
43,39 

Cuiabá (MT) 
41,21 

Manaus (AM) 
34,98 

Periferia (Recife) 
31,81 

Periferia (Fortaleza)
22,41 

Natal (RN) 
21,26 

Periferia (Porto Alegre) 
15,61

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