segunda-feira, 18 de abril de 2011

Procuram-se 8 milhões de profissionais

Não sou o maior fã dessa revista, mas o tema é relevante e provocativo o suficiente para ser lido.


Revista EXAME: Procuram-se 8 milhões de profissionais

  • Publicada em 01/04/2011 



Na mira do mercado Os 100 jovens da foto são estagiários contratados pela consultoria Ernst & Young nos últimos 12 meses. Se o mercado de trabalho se mantiver aquecido e a foto for repetida, daqui a um ano, pelo menos 30 deles terão deixado a empresa
É assim o Brasil de hoje – recorde de emprego, briga desesperada por profissionais e risco de apagão de mão de obra. Para quem trabalha, o momento é mágico. Para a economia, está em jogo a continuidade do crescimento

AOS 20 ANOS, O GAÚCHO JORGE MENEGASSI INGRESSOU COMO ESTAGIÁRIO na subsidiária brasileira da Ernst & Young, uma das maiores empresas de auditoria e contabilidade do mundo. O ano era1977 e ele estava decidido a cumprir o roteiro que sua geração acalentava: fazer carreira numa grande companhia. Hoje, Menegassi é o presidente da Ernst & Young no Brasil. Por força das circunstâncias,uma de suas tarefas mais árduas é encontrar jovens com a mesma ambição que ele teve e estruturar uma equipe capaz de aproveitar o bom momento da economia. Por comandar uma prestadora de serviços, Menegassi precisa de muita gente – e gente bem qualificada. A Ernst & Young, com um quadro total de 3 850 funcionários, tem atualmente 200 vagas em aberto. Dos 700 estagiários contratados no ano passado, 30% migraram para outras companhias poucos meses após a seleção. Eles estão na mira não apenas de concorrentes mas também das mais de 200 empresas que planejam abrir o capital no Brasil e precisam montar a área financeira com profissionais habilitados em contabilidade, economia e administração.

“Vivemos uma verdadeira guerra por profissionais, e essa situação só vai piorar”, diz Menegassi. “Vamos ter de aprender a conviver com essa nova realidade. Lutar contra ela é inútil.” A cada ano, os executivos brasileiros da Ernst & Young sabem que terão de atrair e treinar em sua universidade corporativa cerca de 1000 novos funcionários. E sabem que, inevitavelmente, perderão grande parte deles. Esse tipo de situação é regra no Brasil de hoje. Gente é um dos principais gargalos do crescimento da economia e das empresas. O país tem hoje 92 milhões de pessoas empregadas, o maior contingente da história. Esse total representa mais de 90% da população em idade e condições de trabalhar. Nas seis principais regiões metropolitanas, a taxa de desemprego atingiu 5,3% em dezembro, o nível mais baixo desde que a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística começou a ser feita, em 2002 – na média do ano, a taxa de 6,7% também foi recorde. Trata-se de uma boa notícia, reflexo dos muitos avanços da economia brasileira nos últimos anos. Mais emprego significa mais gente com renda e crédito para consumir e fazer a roda da economia girar. Recentemente, porém, o país começou a perceber que as boas notícias no mercado de trabalho também impõem desafios complexos. O primeiro deles é justamente o da escassez de gente preparada para preencher os novos postos que as empresas estão criando. Segundo uma projeção feita por economistas do Itaú Unibanco a pedido de EXAME, caso o país mantenha até 2015 um crescimento médio de 4,6% ao ano, será preciso um adicional de 8 milhões de pessoas – o equivalente a toda a população da Áustria – educadas e qualificadas para assumir funções cada vez mais sofisticadas. Por coincidência, o Brasil tem hoje cerca de 8 milhões de desempregados. A solução para a carência de profissionais certamente não virá desse grupo. Esses 8 milhões de brasileiros sem emprego foram colocados à margem do mercado por total falta de qualificação. São a herança maldita de um sistema educacional quase sempre inepto e ineficiente.

Quando um país não consegue suprir a demanda por mão de obra, a própria perspectiva de crescimento fica em xeque. O mecanismo funciona da seguinte maneira: o desemprego muito baixo dá poder aos trabalhadores para pedir aumento de salário. Salários maiores pressionam os custos das empresas, que reagem aumentando preços e gerando inflação. O governo vê-se, então, diante da opção de esfriar a economia ou aceitar mais inflação – e o bom senso manda que a primeira opção seja a escolhida. Atualmente, os salários são um dos itens que mais pressionam a inflação. Os reajustes salariais dos empregados domésticos, um custo que faz parte da composição do IPCA, o índice oficial de inflação, ficam acima do próprio IPCA há cinco anos – o próprio governo contribuiu para isso ao dar aumentos reais expressivos ao salário mínimo. Mesmo assim, os sindicatos de trabalhadores continuam obtendo reajustes acima da inflação. No ano passado, quase 90% das 700 negociações entre patrões e empregados resultaram em ganhos reais. Recentemente, cerca de 80 000 operários cruzaram os braços em obras do Programa de Aceleração do Crescimento exigindo aumento da remuneração (veja reportagem na pág. 44). Desde 1973, os custos de mão de obra não representavam uma fonte de pressão inflacionária no Brasil. “Corremos o risco de entrar numa espiral de aumentos de preços”, diz Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco. “Este é um ano decisivo para conter a inflação – e a única maneira de fazer isso é frear o crescimento.

Em teoria, haveria uma alternativa melhor. Em qualquer economia, os salários podem subir de maneira sustentada se forem acompanhados pelo aumento da produtividade. A produtividade, uma medida do valor gerado anualmente pelo trabalhador, depende de diversos fatores: a aplicação de tecnologia, a gestão das operações, o nível de inovação e a formação educacional do trabalhador. “Nenhum país consegue manter crescimento robusto e consistente se não investir na produtividade”, diz o economista Laurence Ball, professor da universidade americana Johns Hopkins e estudioso da relação entre produtividade e crescimento. As estatísticas evidenciam quanto o Brasil está defasado. De 2000 a 2008, o índice de produtividade da Coreia do Sul cresceu, em média, 7,4% ao ano. O da China, 5,2%, o dos Estados Unidos, 4,6%, e o da Argentina, 3%. Enquanto isso, a produtividade brasileira evoluiu parco 0,9% por ano. O passo é vagaroso em boa medida porque a educação nas nossas escolas perdeu qualidade, e isso faz com que a maioria dos recém-formados chegue ao mercado de trabalho com deficiências que nem sempre podem ser corrigidas com cursos de qualificação. Isso sem falar que as empresas estão absorvendo, por falta de opção, pessoas sem nenhuma base educacional. “Não é fácil treinar”, diz José Márcio Camargo, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. “Você pode ensinar um pedreiro a colocar um tijolo sobre o outro, mas, se ele não souber ler, contar, medir e não conseguir conversar com o engenheiro, seu trabalho vai ser feito com muita lentidão e desperdício.”

Isso significa que um produto custa mais e leva mais tempo para ser concluído no Brasil. É o que está acontecendo no Estaleiro Atlântico Sul, instalado no porto de Suape, em Pernambuco. Desde sua criação, em 2005, o estaleiro corre para garantir a oferta de profissionais da indústria naval numa região sem tradição na atividade. Nos últimos quatro meses, deflagrou uma operação de busca em sete estados para preencher 1200 vagas com mão de obra qualificada. Foram avaliados 20000 currículos. Muitos são de gente que nunca havia trabalhado numa indústria. Na linha de produção do Atlântico Sul trabalham ex-pescador, ex-representante comercial e até ex-doméstica. O treinamento de pessoas da região foi visto como uma solução prática e um resgate social, festejado pelo governo. Mas é um processo sinuoso. O estaleiro precisa entregar 22 navios petroleiros, sete navios-sonda e um casco de plataforma até 2018. O primeiro petroleiro foi pré-lançado em maio do ano passado numa solenidade com a presença do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A entrega final deveria ter ocorrido em setembro, mas foi adiada para maio deste ano e protelada mais uma vez para o segundo semestre. Se o cronograma vingar, a entrega vai ocorrer três anos após o início da construção. Na Coreia do Sul e em Singapura, petroleiros são construídos em, no máximo, nove meses. Parte do atraso é atribuída à falta de experiência da equipe. Em fevereiro, Ângelo Bellelis, presidente do estaleiro desde 2008, afirmou que o atraso fazia parte da “curva de aprendizagem” para construir esse tipo de embarcação pela primeira vez. Passados alguns dias, Bellelis pediu demissão alegando que iria assumir “novos desafios”. O fato é que suas declarações pegaram mal perante os clientes – entre eles a Petrobras -, que cobram resultados e mais agilidade.

A teoria econômica tem um nome para a nova dinâmica registrada no Brasil – pleno emprego. Trata-se do estágio em que a taxa de desemprego cai a níveis muito baixos e praticamente todas as pessoas qualificadas estão empregadas. Não existe um número que delimite exatamente quando isso ocorre. Devido ao grande número de desempregados ainda existente, não há consenso entre os especialistas se, afinal, o Brasil estaria ou não no pleno emprego. Quem defende que sim leva em consideração as dificuldades para o preenchimento das vagas. “Basta olhar o que está acontecendo: faltam babás, pedreiros, soldadores, técnicos, engenheiros, e a rotina das pessoas e das empresas já está sendo afetada pela escassez de gente”, diz Luiz Carlos Mendonça de Barros, sócio da Quest Investimentos. “Estamos vivendo o pleno emprego – com seus benefícios e problemas.”

O BRASIL DA CLASSE C

A face positiva do pleno emprego ajudou a colocar o Brasil entre as economias emergentes mais atraentes do momento. A exuberância do mercado de trabalho contribuiu para a ascensão da classe C e a formação da nova classe média, a redução das desigualdades e o aumento do consumo, o que atrai empresas e investidores ao país. A última vez que o emprego e a renda cresceram com tanta força foi na década de 70, durante o chamado milagre econômico. Para o economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, apesar das semelhanças, o momento atual é muito mais representativo. “Agora há distribuição da renda, algo que não aconteceu nos anos 70″, diz Neri. Desde 2003, a renda dos 20% mais pobres cresceu praticamente o dobro do que cresceu a dos 20% mais ricos. .Esse ciclo foi uma espécie de redenção para pessoas como Juscilene dos Santos. Ela migrou do Piauí para São Paulo no começo da década de 90. Sem o ensino fundamental completo, ficou anos desempregada, vivendo de bicos. Em 2005, aos 38 anos, encontrou a oportunidade para dar uma guinada. Conseguiu emprego com carteira assinada numa prestadora de serviços de limpeza e concluiu os estudos nos cursos gratuitos oferecidos pelo Seac, o sindicato das empresas do setor. Juscilene fez a prova do Exame Nacional do Ensino Médio no ano passado, conseguiu uma bolsa de estudos, prestou vestibular e hoje, aos 41 anos de idade, está no primeiro semestre de gestão da segurança na Unip. O curso é de formação técnica, com dois anos de duração. “Ainda preciso do emprego na limpeza, mas a vida já melhorou”, diz Juscilene. “E vai melhorar ainda mais.”

Seu caso mostra que a carência de profissionais tem gerado novas oportunidades para o setor educacional. Com foco no mercado de trabalho, duração mais curta e grade curricular voltada para a prática, os cursos de tecnologia dispararam nos últimos anos. O total de matrículas passou de menos de 70000 em 2001 para mais de 680 000 em 2009 – e os cursos de tecnologia já respondem por 11% do total de matrículas na graduação.”Os tecnólogos têm uma formação tão qualificada quanto os bacharéis, apenas mais específica”, afirma Arthur Sperandéo de Macedo, vice-reitor das Faculdades Metropolitanas Unidas, de São Paulo. Nos Estados Unidos, os cursos superiores de curta duração, chamados de associate degree, correspondem a uma parcela ainda maior dos alunos do ensino. Segundo o Departamento de Educação dos Estados Unidos, em2008 os graduados em cursos de curta duração eram mais de 750000, enquanto os cursos de graduação tradicionais formam 1,6 milhão de americanos.

Esforços de qualificação à parte, o fato é que a demanda por profissionais corre muito à frente da oferta. Isso pode ser visto nitidamente na construção, um dos setores mais aquecidos da economia. Há três anos a demanda por operários virou uma espécie de poço sem fundo, e as construtoras drenam trabalhadores também de outros setores. Em São Paulo, há um buraco de 100 000 técnicos na área de prestação de serviços de TV por assinatura e outro de 20 000 nas empresas de limpeza porque muitos empregados conseguiram salários melhores na construção civil. Numa situação de escassez generalizada, vale qualquer estratégia para fechar o quadro de trabalhadores. Uma das mais desesperadas é tirar o pessoal do concorrente em pleno andamento do projeto. Um emissário procura os trabalhadores e avisa que há uma empresa oferecendo mais para quem aceitar mudar de canteiro de obra. No final do ano passado, um residencial com três torres de 27 andares na zona oeste de São Paulo, erguido pela PDG, a maior incorporadora do país, perdeu do dia para a noite mais de 100 operários para uma obra em Santos, a 70 quilômetros da capital. A dificuldade para repor os trabalhadores atrasou a conclusão dos apartamentos, que deveriam ter sido entregues até dezembro. O setor estima que 70% das obras estão atrasadas por falta de gente. Em Caxias do Sul, maior cidade do polo metal-mecânico gaúcho, a fabricante de carrocerias Randon deixou de exigir experiência dos candidatos e partiu para uma forma inusitada de recrutamento. Com 100 vagas em aberto, a empresa colocou um carro de som circulando na periferia de Caxias e em cidades vizinhas oferecendo treinamento, emprego com carteira assinada e benefícios a quem queira aprender um novo ofício. “No mundo normal, você anuncia uma vaga e escolhe os candidatos”, diz Luiz Antonio Oselame, diretor executivo da Randon. “No mundo do pleno emprego, você aceita quem quiser trabalhar.

A VEZ DOS ESTRANGEIROS

A busca de gente também está mexendo com os fluxos migratórios do país. Em Teresina, no Piauí, para garantir a expansão das operações, o Grupo Pão de Açúcar lançou recentemente um programa batizado de De Volta Para a Minha Terra Natal. Além de estar à procura de gente para cobrir 2 500 vagas hoje em aberto, o grupo precisará de 15000 novos trabalhadores até dezembro em cidades como Palmas, no Tocantins. No Rio de Janeiro, um dos maiores nós está no setor de petróleo e gás. Até 2013 o setor vai exigir mais de 200000 profissionais. Há um esforço concentrado de formação, mas, enquanto o país não consegue suprir a demanda, as vagas são preenchidas com a importação de pessoal qualificado. O setor é o recordista de pedidos de visto de trabalho para estrangeiros. No ano passado, o estado do Rio de Janeiro recebeu quase 22000 trabalhadores vindos do exterior, 40% dos que entraram no Brasil no período.

Em alguns casos, as profissões requisitadas nem sequer existem no país. Para criar no Rio de Janeiro seu quinto centro de pesquisa no mundo, a americana GE precisa de 200 pesquisadores com habilidade para trabalhar na iniciativa privada – um perfil exótico num país em que esse tipo de profissional costuma ficar confinado nas universidades. São engenheiros e doutores especializados nas áreas de óleo, gás, energia, transporte e saúde. “Vamos fazer visitas a 17 das melhores instituições brasileiras e sensibilizar os acadêmicos”, diz João Geraldo Ferreira, presidente da GE do Brasil. “Usamos essa estratégia quando criamos os centros da Índia, da China e da Alemanha, mas ainda não sabemos

qual será o resultado aqui.” Outra carreira ignorada aqui é a de analista de tesouraria, especialista que planeja operações financeiras para aplicar e captar recursos. “Na Europa e nos Estados Unidos, existem especializações e MBAs na área”, diz o francês Thierry Giraud, presidente da subsidiária local da Sage XRT, especializada nesse tipo de serviço. “Aqui não h um único curso, e somos obrigados a formar nossos profissionais.” Formam e perdem. A equipe da Sage precisaria ser de 90 pessoas, mas hoje faltam dez. A lacuna foi causada pelos próprios clientes. Eles levaram os profissionais porque – obviamente – não encontraram outros no mercado.

Vagas em aberto são uma barreira ao crescimento e causam perda de negócios – às empresas e ao país. Na área de tecnologia da informação, a carência atual é da ordem de 200000 profissionais. Estima-se que o setor precisará de um contingente extra de 750 000 pessoas até 2020. Por falta de gente, os negócios já emperram. A IBM tem um bom termômetro da situação. A empresa define o número de profissionais de que precisa à medida que os clientes fazem os pedidos. No dia 25 de março, havia quase 300 ofertas de emprego no site da empresa. “Só fechamos um contrato depois de formar a equipe que irá tocá-lo”, diz Edson Luis Pereira, executivo de desenvolvimento profissional da IBM. “Quando não conseguimos reunir o grupo, o Brasil perde a encomenda para a subsidiária de outro país.” Fica a pergunta: o que faz uma empresa sem unidades em outros países? “Seleciona e treina o maior número possível de pessoas o tempo todo para garantir gente”, afirma Benjamin Quadros, sócio da BRQ Solutions, prestadora de serviços de tecnologia. A empresa tem treinado 300 profissionais por trimestre, ao custo de 5000 reais por aluno. “Viramos uma escola de informática”, diz Quadros. Mesmo assim, a BRQ tem sempre cerca de 200 vagas em aberto.

Problemas como os que o Brasil enfrenta no campo do trabalho são próprios de países emergentes. Nesse sentido, não deixa de ser uma mostra de sucesso saber que o desafio, hoje, é o desemprego muito baixo, não o contrário. Esse desafio terá de ser enfrentado com um ganho de qualidade de nossa mão de obra. O valor da alta produtividade do trabalho ficou claro quando os Estados Unidos atingiram o pleno emprego no final dos anos 90. Foi um dos períodos de maior prosperidade econômica da história americana, que combinou estabilidade com crescimento e desemprego abaixo de 5%. Uma das explicações para a bonança sem inflação foi o crescente aumento da produtividade, que entre 1997 e 2000 se expandiu, em média, 3% ao ano a reboque da revolução tecnológica. Com certo exagero, o momento virtuoso foi batizado de Nova Economia. Replicar o exemplo americano é vital para que consigamos, também nós, lidar com o desafio do pleno emprego. Estamos diante de uma oportunidade histórica de qualificar nossa mão de obra e pavimentar o crescimento dos próximos anos – ou de ver o bonde passar mais uma vez.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Qual o caminho?


As águas de março fecham o verão e também atrapalham o escoamento da safra de soja no porto de Paranaguá.  Desde o início de março as longas filas de caminhões se estendem por ciclópicos 30 km! Como nas enchentes de São Paulo, a tal fila volta todos os anos.  E nossa competitividade fica pelos buracos do asfalto e ao longo das curvas da estrada de Santos.  Péssima piada.  Segundo dados da revista Exame (Ed. 987) a soja nacional custa 274 dólares ao passo que a americana fica por 311.  Para chegar até o navio exportadores brasileiros gastam 120 dólares.  Os americanos somente 30. Daí pra frente todo mundo sabe o que acontece. Chegamos mais caros ao mercado.  Esse é só um exemplo de um único produto. Não haveria espaço nessa revista para listar e apresentar todos. O mais incrível é que mesmo com essa situação absurda o país consegue se manter em termos de balança comercial.  Fico pensando se a situação mundial não fosse tão favorável às commodities.  Como sairíamos dessa?  Pela porta dos fundos e de cabeça baixa.
Mas olhemos para o futuro.  Para fazer esse exercício é aconselhável checar o presente e examinar o que se pretende fazer.   Já está na rua a nova versão do relatório de competitividade do Fórum Econômico Mundial.  O Brasil caiu duas posições no ranking dos países mais competitivos do mundo (de 56 para 58). De todas as notas baixas as que realmente jogam contra o país são educação, infraestrura e ambiente tributário.  Tripé básico para qualquer país que almeje um lugar de destaque no mundo.  Para quem duvida e acha que está tudo bem é melhor dar uma olhada na Ásia. O que era a região há 40 anos e o que é hoje.  O segredo do sucesso passa fundamentalmente por esses três tópicos.
Outro relatório publicado anualmente é o Doing Business, preparado pelo Banco Mundial.  O que é analisado nesse caso é o ambiente de negócios de cada país a partir de diversos critérios.  De um total de 183 países o Brasil ficou com a posição 127 em 2011.  Ano passado estávamos no 124° lugar. Outro retrocesso.
De posse desses dois resultados e de olho na fila de caminhões carregados de soja mergulhei no Plano CNT de Transporte e Logística 2011, preparado pela Confederação nacional dos Transportes.  Seria leviano dizer que não existe uma fotografia da situação do país. O documento mostra a situação atual e aponta diversos caminhos para corrigir a distorcida matriz de transporte nacional.  O custo apresentado pelo documento é de R$ 400 bilhões a serem usados em todos os modais e regiões do país.  Desse total quase 50% se destinariam ao setor rodoviário.  A ferrovia ficaria com uns 33%, os aeroportos com 2.5% e portos com meros 1.3%. Não parece ser o que o país precisa, não é mesmo?  Como não há um detalhamento cronológico do uso desses recursos (não há como usar tanto dinheiro de uma só vez, é claro), investiguei o Plano Nacional de Logística e Transporte publicado pela Secretaria de Política Nacional de Transportes.  Na revisão de Agosto de 2010 os números indicam outra coisa. As estradas ficariam com 30% dos investimentos ao passo que a ferrovia ocuparia 47% dos investimentos. Os portos ficariam com 12% e os aeroportos com 5%.  Esse tipo de falta de alinhamento nas informações é preocupante. Demonstra desorganização e falta de preparo para planejar e executar.  E isso não é de hoje. Elio Gaspari relatou há poucos dias que uma compra de 80 locomotivas feita de modo apressado há trinta anos.  48 delas ainda estão encaixotadas e abandonadas num galpão em Campinas e irão a leilão como sucata valendo R$ 0.30 o quilo.  Essa compra custou U$ 500 milhões à época.  Cai o pano.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Vaga para estágio em Relações Internacionais (repassando)



Estamos buscando estagiário (a) que esteja cursando Direito, Jornalismo ou Relações Internacionais para atuar na área de assessoria do Gabinete da Presidência do escritório Édison Freitas de Siqueira Advogados Associados e Consulado da Sérvia, em Porto Alegre/RS.

As atividades a serem desenvolvidas contemplam, principalmente, atividades consulares, jurídicas, jornalísticas e marketing.

Dentre as atividades a serem realizadas citamos: auxiliar o Cônsul nas atividades consulares, atender Embaixadas e Associação do Corpo Consular, prestar informações sobre vistos e cidadania; realizar a seleção de artigos para divulgação a imprensa nacional e internacional; fazer a elaboração de informativos jurídicos diários; atualizar o site do escritório em português e inglês; assessorar a Diretoria do escritório quanto solicitado.

É recomendado ter experiência nas atividades mencionadas acima. Se for estudante de jornalismo é vital ter trabalhado em escritório de advocacia ou ter conhecimento da área jurídica.

É necessário ter inglês fluente e ter disponibilidade para viagens.

BAE R$ 1.000,00 + VT e VR.

Enviar currículo com foto para rh_consulado@edisonsiqueira.com.br
Vagas na área de Marketing - indicação de um amigo (só repassando). Os CVs devem ser enviados aos endereços indicados abaixo. Boa sorte !





(1)
Marketing Senior - Geração de Demanda na Região Sul , com base em Porto Alegre
,
responsável pelo planejamento e execução de plano de marketing (web, campanhas, eventos) voltado ao posicionamento da empresa e seus parceiros de negócios na região sul; e geração de demanda junto ao segmento de médias empresas na região.
Realizará gestão de budget de marketing e controle das despesas das atividades sob sua responsabilidade, gestão do cronograma das táticas do plano para comunicação com o mercado, com canais, geração e progressão de pipeline das oportunidades de negócios, treinamento da força de vendas, gestão de terceiros envolvidos com a execução das táticas (agências, centro de traduções, gráficas, database providers - mailing, entre outros), bem como acompanhamento dos resultados junto com vendas e implementação de eventuais ações corretivas. Atuação: região sul do Brasil.
Enviar email para: germkt@br.ibm.com

(2)
Marketing Senior - Geração de Demanda na Região Norte / Nordeste , com base em Salvador,
responsável pelo planejamento e execução de plano de marketing (web, campanhas, eventos) voltado ao posicionamento da empresa e seus parceiros de negócios nas regiões Norte e Nordeste; e geração de demanda junto ao segmento de médias empresas na região.
Realizará gestão de budget de marketing e controle das despesas das atividades sob sua responsabilidade, gestão do cronograma das táticas do plano para comunicação com o mercado, com canais, geração e progressão de pipeline das oportunidades de negócios, treinamento da força de vendas, gestão de terceiros envolvidos com a execução das táticas (agências, centro de traduções, gráficas, database providers - mailing, entre outros), bem como acompanhamento dos resultados junto com vendas e implementação de eventuais ações corretivas. Atuação: região norte/nordeste do Brasil.
Enviar email para: germkt@br.ibm.com

(3)
Marketing Senior - Geração de Demanda na Região Sudeste (excluindo a região metropolitana de São Paulo), com base no Rio de Janeiro, ou Belo Horizonte ou São Paulo Capital,
responsável pelo planejamento e execução de plano de marketing (web, campanhas, eventos) voltado ao posicionamento da IBM e seus parceiros de negócios no ES, RJ, MG e SP-Interior; e geração de demanda junto ao segmento de médias empresas na região. Realizará gestão de budget de marketing e controle das despesas das atividades sob sua responsabilidade, gestão do cronograma das táticas do plano para comunicação com o mercado, com canais, geração e progressão de pipeline das oportunidades de negócios, treinamento da força de vendas, gestão de terceiros envolvidos com a execução das táticas (agências, centro de traduções, gráficas, database providers - mailing, entre outros), bem como acompanhamento dos resultados junto com vendas e implementação de eventuais ações corretivas. Atuação: região sudeste do Brasil.
Enviar email para: germkt@br.ibm.com

(4)
Marketing Senior - Marketing Digital, com base em São Paulo Capital,
responsável pelo desenvolvimento e implementação de plano de marketing web (campanhas digitais, content syndication, search, web IBM, entre outros), para posicionamento da IBM no segmento de médias empresas e regionais (foco no interior de São Paulo, ou seja, excluindo São Paulo Capital), bem como geração de responses e leads para o negócio. Trabalhará muito integrado com as demais iniciativas web da empresa, acompanhar resultados, implementar planos de ação para garantir atingimento dos objetivos de awareness, geração de responses e leads.
Enviar email para: germkt@br.ibm.com

(5)
Marketing Senior - High Volume , baseado em São Paulo Capital,responsável pelo planejamento e execução do plano de marketing voltado ao posicionamento e geração demanda de produtos High Volume - produtos hardware/software 'low entry' para pequenas e médias empresas, comercializados diretamente pelas revendas. Será responsável pela gestão do budget, cronograma das táticas para comunicação com o mercado e revendas, planejamento e gestão de ações em co-marketing, gestão de terceiros como agências, centro de traduções, gráficas, entre outros.
Enviar email para: germkt@br.ibm.com

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Tudo Chinês

Estátuas do Cristo e de Nossa Senhora são feitas na China
Folha de São Paulo - 04/02/2011  por VERENA FORNETTI

Grande parte das estátuas do Cristo Redentor e de Nossa Senhora Aparecida, no Brasil, são da China. Bolsas de palha, colheres de madeira e cestas de vime parecidas com as do artesanato indígena e tapetes "persa" vêm do país. E, em Veneza, metade do vidro vendido como Made in Murano é feito por mãos chinesas, fora da Itália.
A China avança nas cópias de produtos típicos, e os clones vão do artesanato, caso do vidro veneziano e do tapete do Irã, aos materiais sintéticos, cuja semelhança com os originais engana os leigos.
O preço é o principal atrativo. José Ribamar Ramos, que vende objetos de palha no atacado em São Paulo, diz que as bolsas chinesas custam até metade do preço. "O cara que compra para revender nem quer saber se a mercadoria é chinesa ou não."
Na loja Minas Presentes, na rua 25 de Março -região de comércio popular em São Paulo-, estátuas de santos feitas na China ocupam prateleiras do chão ao teto. "Só os vendedores são brasileiros. O resto é tudo chinês", graceja a vendedora.
Em Aparecida (SP), que recebe devotos de Nossa Senhora Aparecida, as imagens chinesas também ganharam espaço.
O vendedor Wilson Bueno de Gouvea, dono da loja Todos os Santos, diz que a indústria chinesa é inovadora. "Eles inventam porta-caneta, fonte de Nossa Senhora... Às vezes, eles lançam primeiro e depois a gente é que copia."

CHINA EM VENEZA

Na Europa, com a crise, a dificuldade de competir com o produto chinês é ainda maior. O artesão italiano Paolo Birello, da Ama (Associação dos Mestres Artesãos), de Veneza, diz que a recessão impôs um padrão de preços muito difícil de igualar.
Enquanto um brinco de vidro italiano custa cerca de 25 (R$ 57), o chinês é comercializado por 6 (R$ 14).
O artesão italiano destaca que os produtos chineses estão cada vez mais perfeitos. Mas ele critica a prática de vender o produto asiático como se fosse o italiano.
"A Itália é um país livre, cada um vende o que quer. Mas que digam o que estão vendendo, que aquilo é feito por um artesão chinês, e não um artesão veneziano."
O mesmo problema é enfrentado pelo artesão Janio Vargas, do Rio de Janeiro, que vende objetos feitos com pedras brasileiras. Enquanto seus anéis saem por cerca de R$ 20 na feira hippie de Ipanema, peças com cópias de pedras "brasileiras" feitas na China são vendidas por R$ 7.
"De 100 pessoas, 99 são leigas. Eu é que tenho de convencê-las de que meu produto é de boa qualidade, feito à mão, e que o outro vem de uma fôrma de onde saem milhões de peças iguais."
Também na feira de Ipanema, famosa por itens de couro, há vendedores que trabalham com isqueiro a tiracolo, diz o artesão Ivan Jilek. Ele afirma que o sintético é difícil de ser identificado a olho nu, mas não resiste ao fogo.

ACABAMENTO

Em alguns casos, o produto chinês pode ter acabamento mais perfeito que o original. Najad Khouri, dono da Isfahan Tapetes e Kilims, no Rio, destaca que o tapete chinês que clona o persa não tem imperfeições na trama.
"O tapete chinês é tão perfeito que parece feito por uma máquina. E o tapete persa não pode ser perfeito. No islamismo, só Alá é perfeito."
Khouri destaca que os tapetes chineses são padronizados -algumas estampas são escolhidas e o artesão as reproduz em série. "O chinês fabrica mais rápido e o preço cai. E o artesão persa é mais indisciplinado que o chinês. Ele cria enquanto trabalha."


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Trem bala na China - Algo errado com o modelo?

On the wrong track?

The Economist - Feb 3rd 2011, 16:12 by M.A. | BEIJING




JUDGING from the votes they have cast with their bottoms, China's business travellers need little persuading of the merits of high-speed rail. Since the high-speed link between Wuhan and Guangzhou opened in December 2009, for instance, over 20m have chosen the zippier trains, while the number of competing daily flights between Guangzhou and Changsha (on the route to Wuhan) has dropped from over 11 to three. Yet whether plans to double high-speed coverage by 2020 are an unmitigated good thing for China, which already has more high-speed rail than any other country, is a different question.
It is one that decision-makers have largely sidestepped thanks to the peculiarities of China's political system. But of late debate has spilled over into the public realm. Detractors complain that high-speed rail is too expensive for the Zhang in the street. Migrant labourers, 230m of whom are expected to make the journey home during Spring Festival, are not in enough of a hurry to pay a premium for speed, they argue. (Or as Patrick Chovanec of Tsinghua University puts it with a dose of economese, "The bulk of the long-distance passenger traffic, especially during the peak holiday periods, is migrant workers for whom the opportunity cost of time is relatively low.") While some travellers are having such a hard time getting tickets home this holiday season that they have unveiled their underpants in protest, it is reported that on one line $352 luxury sleeper tickets are going begging.
This mismatch raises questions about the $300 billion being thrown at high-speed rail this decade. Many newly added lines are making hefty losses and many are thought to be operating at under half capacity The Chinese Academy of Sciences, an influential official think-tank, seems to be in the sceptics' corner: fretting about unsustainable levels of debt, it was reported in November to have recommended the government reconsider its plans. Chinese leaders were said to have ordered a review, and construction of a Maglev line between Shanghai and Hangzhou has since been reported "shelved".
Some economists make even more dismal arguments. Mr Chovanec attacks one of the main legs of the economic case for high-speed rail in China, that transporting passengers thus would free up track desperately needed for shifting coal. Much of China's fuel travels by road: a 62-mile traffic jam outside Beijing lasting 10 days last August was only the most visible sign. But if fast trains are out of reach for the masses, there will be little or no relief for either rail or road networks. Critics say the proliferation of expensive trains has pushed poorer travellers back onto the roads, clogging them with 70,000 more buses this Spring Festival, although hundreds of extra trains have also been laid on. Improving China's languishing logistics network for freight would be a better use of the cash, Mr Chovanec posits.
Yet it would be premature to assume that China will not hit or even exceed its stratospheric targets. The Shanghai-Hangzhou Maglev was reported "shelved" in 2007, too, so its difficulties are not new; compounding them, there is now a separate high-speed (though slightly slower) connection between the two cities. China's mandarins are clearly not insusceptible to economic sense, and individual projects could bite the dust. But Chinese Communist Party leaders' economic priorities are defined by a different kind of cost-benefit analysis than that familiar to politicians in capitalist democracies.
What if some investments in whizzy rolling stock are loss-making? Famously unconstrained by electoral time horizons, they may be counting on demand for high-speed rail travel to rise with their citizens' wealth. And, as in industries like telecoms before, China's national railway-equipment champions will use the revenues drawn from the world's biggest market—where they are making decent profits—to support their move into overseas markets. It is a move already visible in recent export deals with the US.
Then there are the political payoffs. Even uneconomic construction work creates employment, enhancing social stability at a time when the global economy remains fragile. High-speed locomotives look jazzy, and offer yet more glittering evidence of the Communist party's modernisation of China. And the promise of placing China at the heart of a Eurasian rail network, as officials hope to do, hurts neither China's prestige, nor its ruling party's. Any trouble down the tracks would have to look pretty dire to derail all that.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Salários dos executivos brasileiros entre os maiores do mundo


Matéria publicada essa semana na The Economist sobre os salários dos executivos brasileiros.


Executive pay in Brazil

 

Big country, big pay cheques

Jan 27th 2011 | SÃO PAULO | from PRINT EDITION
WHERE does a senior manager cost most? Brazil, according to the Association of Executive Search Consultants (AESC), a trade body. Two recent surveys, one by the AESC and the other by a Brazilian headhunter, Dasein Executive Search, found that chief executives and company directors earned more in São Paulo, Brazil’s business capital, than in New York, London, Singapore or Hong Kong (see chart). The surveys compared base salary, but bonuses in Brazil are generous too, says David Braga of Dasein. And the comparison understates the cost of hiring in Brazil: its payroll taxes are among the world’s highest.
Part of the reason for runaway executive pay is booming demand for staff, at all levels. Brazil, China and India are all seeing strong growth in employment. But according to Manpower, another employment agency, the mismatch between supply and demand is starkest in Brazil, where 64% of employers report difficulty filling vacancies, against 40% in China and 16% in India. Managers with technical backgrounds are especially scarce in Brazil: big oil finds and infrastructure plans mean demand is soaring, but Brazil turns out just 35,000 engineers a year, against India’s 250,000 and China’s 400,000.
The strength of the real artificially boosts Brazil’s position in international pay comparisons. But even in reais executive pay is growing by double digits a year, says Edilson Camara of Egon Zehnder, a headhunting firm. Senior managers in China and India are reaping similar gains, but from a lower base. Multinationals that used to run their Latin American operations from Miami, Mexico or Buenos Aires have mostly shifted to São Paulo; China and India are still often overseen from Singapore or Hong Kong, though Shanghai is becoming more popular. A wave of foreign takeovers, and forays abroad by Brazilian firms, have both increased demand for managers with international experience.
The solution is to nurture your own talent, says Alexander Triebnigg, who runs the Brazilian operation of Novartis, a Swiss pharmaceutical company. Brazilian employees tend to be loyal, he says, meaning that established firms with generous career-development plans are less hurt by the talent drought. But this loyalty also tends to inflate the market rate. “If you want to tempt a Brazilian to change jobs,” he points out, “you have to offer them a lot more money. In China they’ll change jobs for just a little more.”
Many firms are looking outside to fill top posts. But a high crime rate (São Paulo is far safer than it used to be, but still boasts a murder rate nearly double that of New York) and the need to master Portuguese put many foreigners off. And even big Brazilian companies may lack the international renown needed to entice the most ambitious. “Busy people may not listen to what you have to say about the complexity and size of some Brazilian company they’ve never heard of,” complains Mr Camara.
The biggest beneficiaries of Brazil’s war for talent are likely to be its expatriate managers. Mr Braga of Dasein says the motive for his research on pay was the ten or so unsolicited inquiries his firm receives each day from Brazilians living abroad who are thinking of returning home—even though most of them mistakenly thought that doing so would mean a pay cut.